lunes, marzo 07, 2011

História do Carnaval do Brasil

História do Carnaval

A origem do Carnaval está atrelada às celebrações de colheita dos povos da Antiguidade. Em Portugal, a comemoração acontecia desde o século XV e era chamada de Entrudo, já que representava a entrada no período da Quaresma (período de 40 dias entre o Carnaval e a Páscoa). Durante os séculos seguintes, XVII e XVIII, muitos portugueses mudaram para o Brasil e as festas se estabeleceram por aqui. Na época, a brincadeira acontecia na rua. Os foliões borrifavam água, limões de cheiro, farinha, lama e até lixo uns nos outros – elementos mais tarde substituídos por confete e serpentina. As famílias mais abastadas promoviam festas privadas, em suas casas.

No século XIX, costumes trazidos pela corte portuguesa e relatos de luxuosos bailes de Carnaval da Europa contribuíram para a festa mudar. Clubes requintados, frequentados pela corte e pela nova elite brasileira, passaram a oferecer bailes que promoviam danças em ritmos adaptados, como a valsa, a quadrilha, o maxixe e o schottish.

Somente nas últimas décadas do século XIX é que surgiram as músicas destinadas exclusivamente ao Carnaval. Em 1889, a pianista e maestrina Chiquinha Gonzaga compôs a marcha “Abre Alas” para o rancho Dois de Ouro, primeira agremiação carnavalesca do Rio de Janeiro. O primeiro concurso de música carnavalesca aconteceu em 1919, premiando “Dá Nela”, de Ary Barroso. A explosão das marchinhas aconteceria a partir da década de 1930, revelando nomes como Lamartine Babo e Braguinha.

Também o figurino da festa ganhou mais elem

entos alegóricos. Inspiradas pelos personagens da Commedia dell'Arte Italiana (forma de teatro popular de improviso), as fantasias de pierrô, arlequim e colombina tornaram-se as mais tradicionais. Era comum passar por foliões vestidos de diabos, palhaços, “sujos” (que imitavam miseráveis), além de marinheiros, odaliscas, piratas e jardineiras.

Os primeiros cordões, sociedades carnavalescas e ranchos tomam forma na metade do século XIX. Nas primeiras décadas do século XX, a sensação foi o corso, que era o desfile de foliões fantasiados dentro de carros conversíveis. Essas manifestações de Carnaval de rua eram predominantes até a criação dos primeiros blocos e escolas de samba.

Escolas de Samba

No início do século XX, quando o Carnaval já estava estabelecido no Rio de Janeiro, a população mais pobre brincava em bailes separados e as rodas de samba eram vistas como marginais. Entre elas, destacavam-se as festas na Praça Onze, no bairro do Estácio.

Para fugir do estigma de vagabundos e malandros, os sambistas resolveram se organizar. Em 1928, Ismael Silva e Bide, entre outros, criaram o bloco “Deixa Falar”. Perto do local em que o grupo se encontrava havia uma escola regular e Ismael Silva criou o termo “Escola de Samba” para se referir ao grupo, já que eles também eram professores ou mestres em samba.

O bloco “Deixa Falar” se transformou na primeira escola de samba que se tem notícia (Escola de Samba Estácio de Sá). Eles passaram a escolher todo ano um tema que definiria as fantasias e a música, como acontece até hoje.

Os cordões, blocos e escolas de samba do Rio de Janeiro foram oficializadas em 1935, sendo registrados como grêmios recreativos. Assim, o Carnaval da população de baixa renda foi ganhando a simpatia dos demais setores da sociedade, de intelectuais e artistas, que naquela época começavam a se interessar pela cultura popular e frequentar as reuniões de sambistas.

Em 1962, o Departamento de Turismo do Rio construiu arquibancadas na avenida Rio Branco para que a população pudesse assistir aos desfiles. As apresentações na Passarela do Samba ou Sambódromo só aconteceram a partir de 2 de março de 1984, quando o local foi inaugurado, com

700m de comprimento e 13m de largura. Mangueira e Portela, empatadas, vencem o primeiro Carnaval disputado na Marquês de Sapucaí.

Tradição do Rei Momo

A figura carnavalesca foi inspirada em um personagem da Antiguidade clássica. Na mitologia grega, Momo era o deus do sarcasmo e do delírio, que usava um gorro com guizos, segurava uma máscara em uma das mãos e uma boneca na outra. De tanto caçoar dos outros, foi expulso do Olimpo. Ainda antes da era cristã, gregos e romanos incorporaram essa figura mitológica a algumas de suas orgias que envolviam comida, bebida, sexo, música e dança.

No Brasil, o jornal carioca “A Noite” recuperou a figura milenar. Em 1934, o jornalista Moraes Cardoso foi eleito o primeiro Rei Momo da folia carioca e ficou no trono até morrer, até 1948. O costume se popularizou por várias cidades do País, que passaram a eleger seus monarcas todos os anos. Durante o Carnaval, a chave da cidade é entregue a eles, que, simbolicamente,são os responsáveis pela folia.


Principais festas de Carnaval no Brasil

O Carnaval brasileiro é o mais famoso do planeta e atrai milhares de turistas todos os anos. As opções de diversão na maior festa popular nacional são muitas. Os suntuosos desfiles das escolas de samba têm início em São Paulo, na sexta-feira e no sábado de Carnaval. Domingo e segunda-feira é a vez das principais agremiações cariocas desfilarem na Sapucaí.

A população pode acompanhar os desfiles das arquibancadas e camarotes dos sambódromos, de onde é possível ver de perto o brilho das alegorias e sentir o coração pulsar junto à bateria. O resultado da competição é divulgado na terça-feira de Carnaval, na capital paulista, e na quarta-feira de Cinzas, no Rio.

Carnaval de rua

O Carnaval de rua é a maneira mais tradicional de aproveitar a folia e acontece em grande parte das cidades brasileiras. Blocos e bandas de carnaval se apresentam com seus hinos e marchinhas características nas capitais e no interior.

No Rio, alguns dos tradicionais blocos de rua são o Cordão da Bola Preta, o Suvaco de Cristo, Bafo da Onça e Cacique de Ramos. Outros exemplos são o Bloco da Lama em Parati (RJ), com foliões que brincam lambuzados de lama, o Carnaval de São Luís do Paraitinga (SP), que preserva a competição anual de marchinhas, e o Carnaval de Diamantina (MG), nas ruas e becos do centro histórico da cidade mineira.

Axé

No Carnaval da Bahia, a principal atração são os trios elétricos, idealizados pela dupla Dodô e Osmar, que atualmente contam com enormes veículos revestidos com potentes equipamentos de som. Pelos circuitos do Centro Histórico, Barra-Ondina e Campo Grande - Avenida, artistas consagrados do Axé Music, como Chiclete com Banana, Asa de Águia e Ivete Sangalo, comandam a folia em diferentes blocos, que recebem nomes específicos.

A passagem dos trios nas ruas pode ser acompanhada mesmo pelos foliões que não possuem o abadá (vestimenta que identifica os integrantes de um bloco) e ficam na “pipoca”, ou, seja, no meio do povo.

Durante os dias de festa, outra atração de Salvador são os blocos afros e afoxés, como Ilê Ayiê, Badauê, Filhos de Gandhy, Olodum e o Muzenza, que resgatam a herança africana em seus

adereços, cantorias e tambores.

Frevo

O maior bloco de Carnaval do mundo, o Galo da Madrugada, surgiu nas ruas de Recife. Ele se apresenta no sábado de Carnaval, ou Sábado de Zé Pereira, ao som do frevo – acelerado ritmo musical que mobiliza multidões, com destaque para os passistas de movimentos acrobáticos e sombrinhas coloridas.

A festa na capital pernambucana ainda é marcada por espetáculos culturais gratuitos com grandes nomes da música brasileira, que se dividem em diferentes palcos oficiais. A tradicional apresentação de batuqueiros dos maracatus com o mestre Naná Vasconcelos marca a folia.

O frevo também dá o tom nas músicas e danças de Olinda. Entidades carnavalescas tradicionais até hoje se apresentam na cidade, como o Clube Carnavalesco Misto Lenhadores, de 1907, e o Clube Carnavalesco Misto Vassourinhas, de 1912. O ritmo ainda convive de maneira harmoniosa com outras manifestações culturais da cidade, como o maracatu, o samba, o manguebeat e outros gêneros musicais.

Outro marco da festa em Olinda são os famosos bonecos gigantes e coloridos, que se misturam à população pelas ruas e ladeiras da Cidade Alta, encarnando tipos populares e personagens inspirados no noticiário. O mais conhecido deles é o “Homem da Meia-Noite”, que está nas ruas desde 1932 e é responsável por dar início à folia, na meia-noite de sábado. Na Terça-Feira Gorda, todos os bonecões se reúnem entre os largos do Guadalupe e do Varadouro.


Conheça os principais compositores de samba


O samba nasceu da mistura de ritmos africanos, como o lundu, a elementos da cultura europeia presentes na sociedade brasileira do século XVII. Na época, os escravos eram trazidos principalmente para a região Nordeste e foi no Recôncavo Baiano, por volta de 1860, que surgiu a primeira vertente do ritmo, o samba de roda.

Atabaques, ganzás e reco-reco marcavam o ritmo para que as cantigas fossem entoadas, e a influência europeia se verificava com a introdução de instrumentos de corda, como viola e violão.

Os primeiros compassos do samba se espalharam pelo país depois da abolição da escravidão, quando a mão-de-obra escrava do Nordeste migrou para o Sudeste. No Rio de Janeiro, especialmente nas casas das “Tias Baianas” (matriarcas que agregavam a comunidade ao redor de si), aconteciam as festas com umbigada, choro, samba e partido alto.

Em 1917, foi gravado em disco o primeiro samba, “Pelo Telefone”, de Donga e Mauro de Almeida. Aos poucos o ritmo chegava ao mercado fonográfico, até se popularizar com o

surgimento do rádio e ser aceito pela classe média.

Nos morros, o samba cantado era o de terreiro, também conhecido como samba de quadra. Eles surgiam nos locais que abrigavam as primeiras Escolas de Samba e, inclusive, os mais populares eram cantados durante os desfiles de Carnaval. Somente com a imposição de Getúlio Vargas no Estado Novo, os desfiles ganharam sambas enredos nacionalistas, com temas históricos.

Em São Paulo, no começo do século XX, o samba tomou corpo a partir dos batuques rurais, em especial o que acontecia na festa de Bom Jesus d

e Pirapora. Com grande presença de bumbos (zabumbas), o samba rural influenciou os primeiros cordões e grupos carnavalescos da capital paulista, como o grupo Barra Funda – que originou a Escola de Samba Camisa Verde e Branco – e o cordão Vai-Vai, embrião da agremiação de mesmo nome.

Ao longo dos anos, o que se nota é que cada compositor ou intérprete deu ao ritmo uma feição particular. Conheça a seguir alguns nomes que marcaram a história do samba no Brasil.



Noel Rosa

Nasceu em 1910, no bairro de Vila Isabel (RJ), tornando-se mais tarde conhecido como “Poeta da Vila”. Em seu nascimento, pelo método do “fórceps”, teve fratura e afundamento do maxilar, além de uma pequena paralisia na face direita, que o deixou desfigurado por toda a vida.

  • Autor de mais de 300 composições, Noel Rosa foi um dos grandes nomes do samba e ajudou o ritmo a se consolidar na música popular brasileira
Compositor, cantor e violonista, abandonou a faculdade de Medicina para se dedicar à vida
boêmia em bares e cabarés, onde conheceu sua paixão, Ceci, para quem compôs "Dama do Cabaré" e "Último Desejo". Sua vida desregrada lhe rendeu uma tuberculose e o músico morreu com apenas 26 anos, deixando uma das obras mais consideráveis da música popular brasileira. São de sua autoria os sambas “Com que roupa?”, “Feitiço da Vila”, “Feitio de Oração”, “Fita Amarela”, “O Orvalho Vem Caindo”, “Palpite Infeliz” e “Pierrô Apaixonado”.

O jovem branco e de classe média foi o compositor mais importante da chamada Era de Ouro (1930-1945) da música brasileira. Em sua obra, promoveu a integração com os sambistas dos morros cariocas e tornou as letras coloquiais, inspiradas no dia-a-dia do povo e com críticas irreverentes à sociedade. Com Noel Rosa, o samba se tornou o modelo da canção popular por

excelência.


Cartola

Nascido em 1908, no Catete (RJ), com o nome Agenor, mas registrado como Angenor de Oliveira, o cantor, compositor e violonista foi um dos fundadores da Escola de Samba Estação Primeira de Mangueira, em 1928, que se originou do bloco dos Arengueiros. As cores verde e rosa (inspiradas no rancho de sua infância, o Arrepiados, do bairro de Laranjeiras) e o nome da escola foram escolhidos por ele, que também foi o primeiro mestre de harmonia, o ensaiador do coro de pastoras e dividia com Carlos Cachaça o título de melhor compositor da comunidade.



Cartola
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  • Um dos maiores sambistas da música brasileira, Cartola foi um dos fundadores do bloco de carnaval que deu origem à Estação Primeira de Mangueira

Fez apenas o curso primário e abandonou os estudos d

epois da morte da mãe para começar a trabalhar. Como pedreiro, recebeu o apelido que o consagraria, pois usava um chapéu – que os colegas alegavam parecer uma cartola – para que o cimento das construções não caísse em sua cabeça. Na década de 1930, começou a se tornar conhecido por seus sambas, gravados por nomes como Carmem Miranda, Francisco Alves e Sílvio Caldas.

Depois de um período de dificuldades, em que se afastou da música, Cartola foi redescoberto pelo jornalista Stanislaw Ponte Preta (Sérgio Porto) trabalhando como lavador de carros. Na década de 1960, com sua segunda mulher, Eusébia Silva do Nascimento, a Dona Zica, abriu o restaurante Zicartola, num casarão no Centro do Rio. O local abrigou o encontro entre sambistas do morro e compositores e músicos de classe média.

O lirismo e poesia de Cartola marcaram o samba brasileiro com composições como “As Rosas Não Falam”, “Corra e Olhe o Céu”, “O Sol Nascerá” e “Cordas de Aço”.


Nelson Cavaquinho




Nascido no bairro da Tijuca (RJ), em 1911, Nelson Antônio da Silva conviveu desde cedo com rodas de samba em sua casa. Abandonou a escola primária para começar a trabalhar e jovem deu início à vida boêmia. Assim que aprendeu a tocar cavaquinho, passou a se apresentar na noite carioca e ganhou o codinome que o tornaria conhecido.

Mais maduro, optou pelo violão, que tocava de maneira única, com um dedo a menos do que era o usual na mão direita. Teve uma vida desregrada, com passagens por prisões e morreu em 1986, de enfisema pulmonar. Nos momentos mais difíceis, chegou a vender músicas para sobreviver.

Suas canções tinham letras singelas e abordavam temas como as mulheres, o violão, a boemia e a morte, em tons melancólicos. Algumas das mais lembradas são “A Flor e o Espinho”, “Juízo Final”, “Quando Eu me Chamar Saudade” e “Palhaço”.


Adoniran Barbosa


Adoniran Barbosa, 1969

  • Adoniran Barbosa canta "Vila Esperança", que ficou em segundo lugar no Festival de Música Carnavalesca no auditório da TV Tupi, ao lado do grupo Demônios da Garoa
Nascido em Valinhos, em 1912, com o nome de João Rubinato, o mais paulista dos sambistas era filho de imigrantes italianos. Estudou pouco e começou a trabalhar cedo. Entre as profissões, foi entregador de marmitas, pintor, encanador, serralheiro, metalúrgico, até chegar a humorista, ator e cantor.

Foi compositor-cronista, que narrava nas canções pequenos dramas da cidade. Seu estilo inconfundível ficou consagrado pelo jeito paulistano e errado de falar e por personagens caricatos. “Trem das Onze”, “Saudosa Maloca”, “Samba do Arnesto”, “Iracema”, “Joga a Chave” e “Tiro ao Álvaro” são os sucessos mais lembrados.


Dona Ivone Lara

Yvonne Lara da Costa nasceu em 1921, no Rio de Janeiro, em uma família musical e ficou órfã aos seis anos, sendo internada por parentes no Colégio Orsina da Fonseca, no bairro da Tijuca, onde permaneceu até os 17 anos. Compôs seu primeiro samba aos 12 anos, “Tiê, Tiê”, depois de ser presenteada pelos primos com um pássaro “Tiê-sangue”. Era admirada por suas professoras de música no colégio, Lucília Villa-Lobos, esposa do maestro Villa-Lobos e Zaíra Oliveira, primeira esposa de Donga.



Ivone Lara, 1979 Ampliar
  • A cantora e compositora de sambas, Dona Ivone Lara (Yvonne Lara da Costa), em apresentação no Rio de Janeiro, na década de 70

Foi morar com o tio Dionísio Bento da Silva, que tocava violão de sete cordas e fazia parte de grupo de chorões que reunia Pixinguinha e Donga, entre outros. Com ele, aprendeu a tocar cavaquinho. Começou a frequentar a Escola de Samba Prazer da Serrinha com seu primo, Mestre Fuleiro, que em 1947 seria um dos fundadores da Império Serrano. Em 1965, foi a primeira mulher a integrar a Ala de Compositores da Império Serrano, consagrada com o samba-enredo “Os Cinco Bailes da História do Rio”, composto com Bacalhau e Silas de Oliveira – este, seu grande parceiro e autor de outros sucessos do Império, como “Aquarela Brasileira”.

A grande dama do samba carioca tem seu repertório marcado por melodias refinadas e contracantos improvisados, que falam de temas como os sonhos, o sorriso e a liberdade. “Sonho Meu”, “Alvorecer”, “Mas Quem Disse que Eu te Esqueço” e “Acreditar” são alguns de seus sucessos.


Candeia

Antônio Candeia Filho, nascido em 1935, no Rio de Janeiro, filho de sambista, sempre viveu em meio às rodas de samba. Qualquer que fosse a data, até mesmo em seu aniversário ou Natal, a comemoração era sempre com feijoada, cachaça e partido alto. Depois que aprendeu a tocar violão e cavaquinho, passou a frequentar rodas de samba em Oswaldo Cruz e a Escola Vai Como Pode, que originou a Portela.


Candeia Ampliar
  • O sambista e compositor Candeia foi uma das figuras históricas da Portela

Em 1953 compôs seu primeiro samba-enredo para a agremiação azul e branco, “Seis Datas Magnas”, com Altair Prego. Neste ano, a Portela realizou a façanha inédita de obter nota máxima em todos os quesitos do desfile, totalizando 400 pontos. Aos 22 anos, entrou para a Polícia Civil, como investigador e ganhou fama de truculento. Depois de levar um tiro na espinha que paralisou suas pernas, passou a se dedicar exclusivamente à carreira artística.

Foi um dos maiores defensores da cultura afro-brasileira e do samba tradicional. Algumas de suas composições são: “A Paz do Coração”, “Eu Sou Aquele”, “Minhas Madrugadas”, “O Sonho Não se Acabou” e “Samba da Antiga”.


Martinho da Vila

Martinho José Ferreira nasceu em 1938, em Duas Barras (RJ). Chegou ao subúrbio carioca aos 4 anos e foi lá que começou a frequentar blocos carnavalescos. Passou a compor aos 16 anos, para a Escola de Samba Aprendizes da Boca do Mato, da qual participou da Ala dos Grã-Finos, da Ala dos Compositores – chegando a presidente – e como Diretor de Harmonia.

Acervo Martinho daVila

Martinho da Vila Ampliar
  • O cantor e compositor Martinho da Vila surgiu para o grande público em 1967 ao participar de um festival promovido por uma rede de televisão

Em 1965, passou a se dedicar à Escola de Samba Unidos de Vila Isabel, que lhe rendeu o nome como se tornaria conhecido e a posição de Presidente de Honra. Para a Vila, escreveu sambas-enredo consagrados, como “Kizomba, Festa da Raça”, “Quatro Séculos de Modas e Costumes” e “Sonho de um Sonho”.

Martinho fez carreira no exército, mas deu baixa em 1969 para se dedicar exclusivamente à carreira de cantor e compositor. “Casa de Bamba”, “Tá Delícia, Tá Gostoso”, “Canta, Canta, minha Gente” e “Pra Que Dinheiro” são alguns dos sucessos do músico, que também é autor de 10 livros.




Glosario do Samba


Abre-alas

Primeira alegoria da Escola de Samba. Em geral, o carro abre-alas traz o nome da agremiação e os símbolos que a caracterizam.


Ala das Baianas

Uma das mais importantes e tradicionais alas das escolas de samba, reúne as mulheres mais velhas da comunidade, com trajes estilizados de baianas, grandes saias com anáguas e armações, que dançam evoluindo em giros ao redor de si mesmas. A ala presta uma homenagem às “Tias Baianas”, senhoras negras baianas que abrigaram em suas casas as primeiras rodas de samba no Rio de Janeiro, no início do século XX.


Ala das Crianças

Exclusiva para o desfile das crianças, em geral filhos de membros da comunidade que aprendem desde cedo as tradições e características da agremiação.


Alegorias e adereços

As alegorias correspondem aos cenários montados nos carros alegóricos e os adereços aos enfeites distribuídos entre integrantes que desfilam no chão. Ambos são avaliados pelos jurados, que levam em conta a criatividade, o resultado visual das cores e materiais utilizados, o acabamento, além da adequação ao enredo proposto.


Apito

Instrumento utilizado pelo mestre e pelos diretores de bateria para reger os ritmistas.


Agogô

Produz o som mais agudo da bateria. É feito de copos cônicos moldados em ferro. O ritmista bate nos copos alternadamente, com uma baqueta de madeira ou de metal.


Barracão

Galpão onde as escolas de samba preparam as fantasias, alegorias e adereços, além de toda estrutura dos carros alegóricos.


Bateria

É uma orquestra com uma média de 300 ritmistas, que tocam instrumentos de percussão (surdo, caixa, repique, tamborim, chocalho, ganzá, agogô, reco-reco, cuíca, apito, prato e pandeiro) e conduzem o ritmo do desfile. O julgamento da Bateria leva em conta a criatividade, a versatilidade, o conjunto de sons emitidos pelos vários instrumentos e sua cadência em relação ao samba-enredo.


Caixa

É o instrumento que dá o som característico e o andamento ao samba. Cada escola de samba possui sua batida de caixa. Podem ser do tipo caixa de guerra ou tarol. São tocadas na altura da cintura ou no ombro.


Carro alegórico

Grandes veículos ornamentados com figuras alegóricas esculpidas em peças de isopor e sustentadas por estruturas de ferro e madeira. Os carros contam ainda com efeitos especiais, como jogos de luzes, movimentos e pirotecnia.


Carnavalesco

Profissional responsável pelo enredo e pela produção do desfile. É quem elabora as fantasias, alegorias e adereços.


Comissão de Frente

Linha de frente da Escola de Samba, é o primeiro grupo a desfilar, composto por 10 a 15 pessoas, que têm a missão de saudar o público, apresentar a Escola e introduzir o enredo do desfile. Coordenação, sintonia e criatividade de sua exibição são avaliadas.


Componentes

Integrantes do desfile da agremiação.


Concentração

Momento antes do desfile em que todos os componentes ficam reunidos, esperando a vez de entrar na avenida. Os dirigentes e puxadores aproveitam para passar mensagens à comunidade e a bateria começa a tocar o que é conhecido como “esquenta”. É cantado o samba exaltação e executados os gritos de guerra da agremiação.


Conjunto

A nota deste quesito é definida de acordo com a uniformidade e o equilíbrio artístico ao longo de todo desfile.



Chocalho

Instrumento que aparece mais nos refrões e fica passagens inteiras do samba sem ser tocado. O chocalho ajuda a caixa a dar o suingue ao samba.


Cuíca

Produz uma espécie de gemido ou ronco, quando o ritmista esfrega uma flanela na haste que fica em seu interior e puxa o couro que reveste o instrumento.


Destaques

Pessoas que ocupam os lugares mais altos dos carros alegóricos.


Dispersão

Espaço destinado à saída das Escolas da avenida.


Enredo

Tema ou conceito de que tratará o desfile da Escola de Samba. É o quesito de avaliação em que é julgada a ideia, o desenvolvimento sequencial das alas, alegorias e fantasias, a capacidade de compreensão do enredo a partir da ordem do desfile e a criatividade.


Evolução

Quesito em que os jurados avaliam se os foliões acompanham a escola de acordo no ritmo do samba-enredo e na cadência da bateria. O deslocamento dos componentes pela avenida deve acontecer com empolgação e de modo ordenado, sem correrias, buracos entre as alas ou retrocessos.


Harmonia

É julgado o entrosamento entre o ritmo da música, a bateria e o canto do intérprete do samba. Todos os componentes da escola precisam cantar a música junto com o puxador, para não “atravessar o samba”.


Jurados

Grupo escolhido pela Liga das Escolas de Samba para avaliar os desfiles, composto por sambistas e profissionais de diversos setores, como artistas visuais, estilistas, jornalistas, historiadores e pesquisadores. Cada jurado dá notas somente para um dos quesitos.


Mestre ou Diretor de Bateria

É o maestro da Escola de Samba, que comanda a Bateria em seus breques e viradas. Ele é auxiliado por outros diretores, que reforçam os comandos do samba para cada ala dos instrumentistas.


Mestre-Sala e Porta-Bandeira

A porta-bandeira leva o Pavilhão, o símbolo mais importante da escola, enquanto cabe ao mestre-sala apresentá-lo ao público. A dupla é julgada pela harmonia, graça e leveza em que executa os movimentos clássicos da dança, como “pião”, quando a dama gira, fazendo a bandeira flutuar, enquanto o mestre-sala pula, salta e dança ao redor dela. Geralmente, uma agremiação tem mais de um casal.


Paradinha

Momento no samba em que os instrumentos param de tocar e retornam de maneira diferente, provocando um efeito sonoro emocionante. Criada por Mestre André, da Mocidade Independente de Padre Miguel.


Puxador

Intérprete e responsável pelo andamento do samba-enredo, que entoa a música acompanhado por cantores de reforço, cavaquinho e violão, enquanto a bateria toca e os componentes fazem o coro do samba.


Quadra

Sede da Escola de Samba, onde acontecem os ensaios, as festas e parte da produção das alegorias e fantasias.


Rainha de Bateria

Mulher que vai à frente da bateria, sambando e abrindo caminho para os ritmistas. Jovens da comunidade ou artistas são escolhidas para o cargo, assim como para as derivações (madrinha, musa, princesa).


Recuo da Bateria

É uma manobra feita pela Bateria em um espaço no meio do percurso da avenida, para que o ritmo seja mantido em todas as alas durante o desfile. O recuo pode acontecer de frente, de ré ou lateralmente. Durante a entrada e a saída, no final do desfile, não podem se formar buracos, com risco da escola ser penalizada.


Repique ou repinique

É um tambor pequeno, tocado com uma baqueta em uma das mãos enquanto a outra mão toca diretamente sobre a pele, que emite um som mais agudo. É bastante utilizado nas paradinhas e nas viradas do samba para indicar a introdução dos demais instrumentos do samba. Também é utilizado em batucadas solos.


Ritmistas

Integrantes da Bateria.


Samba de enredo

Samba composto para contar o enredo escolhido pela agremiação. A letra precisa ter beleza poética, refrões fortes e estar em sintonia com o que é apresentado nas diferentes alas da Escola. Neste quesito também é avaliada a riqueza da melodia.


Fantasias

Neste quesito são julgadas as fantasias apresentadas pela escola, com exceção das que estiverem sobre as alegorias, as fantasias do casal de mestre-sala e porta-bandeira e a fantasia da comissão de frente. Criatividade, harmonia de cores e formatos, exploração de materiais e acabamentos cuidadosos na confecção e a representação adequada do enredo são os itens avaliados neste quesito. Figurinos incompletos fazem a escola perder pontos.


Samba de exaltação

Samba que é cantado antes do samba de enredo e da entrada da Escola na avenida, glorifica a agremiação e sua tradição.


Subida do samba

Instante em que o samba começa a ser tocado com todos os instrumentos em sintonia.


Velha Guarda

Componentes mais antigos e importantes de uma escola de samba, muitas vezes fundadores das agremiações. Ocupam posição de honra na avenida, fechando o desfile, em que se apresentam vestidos com trajes característicos, como ternos nas cores da Escola e chapéus Panamá.


Surdo de primeira

O maior surdo tem a nota mais grave e marca a primeira batida no samba, dando a referência de tempo para todos os ritmistas, junto ao surdo de segunda. É tocado com uma baqueta em uma das mãos e com os dedos ou a palma da mão da outra.


Surdo de segunda

Conhecido como surdo de resposta, é menos grave que o de primeira e marca a segunda batida. É tocado com uma baqueta em uma das mãos e com os dedos ou a palma da mão da outra.


Surdo de terceira

É o menor dos surdos. Seu papel é fazer um contraponto aos surdos de primeira e de segunda e, por isso, é chamado de corte ou cortador. Garante balanço à marcação e a batida também varia de escola para escola. É tocado com uma baqueta em uma mão e com os dedos ou a palma da mão da outra.


Tamborim

Instrumento que faz o desenho do samba, ou seja, improvisos durante o andamento das caixas e surdos. Sua levada básica é chamada de "carreteiro".



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